Querida Ana J,
NADA temos dito, não porque NADA tivéssemos a dizer, mas porque este NADA a que nos propomos dirigir se nos afigura muito exigente e nos causa ansiedade. Muito nos apeteceu brincar com a Ana aos pequenos NADAS virtuais e porventura virtuosos que foi publicando, mas fomos comedidos. O NADA quer sempre ser preenchido com algo. Bem sabemos que o que acabámos de dizer soa contraditório, por outro lado, também é na contradição que gostamos de habitar. Voltando ao NADA, não é do NADA que partimos visto que muito temos conversado sobre NADA e vários NADAS se vão manifestando, construindo assim um NADA de vários NADAS efervescentes. Nesse sentido, não tem sido o NADA da apatia que nos tem movido mas a vontade desmesurada e descabida de tentar capturar esse NADA essencial, como se isso fosse possível… Lemos num texto do Ricardo Nicolau que a Ana questionava o malbaratar de gestos no teatro e que apreciava que se gastasse o menor número possível de movimentos para uma acção precisa. Em conversa com um dos nossos convidados surgiu a seguinte frase: “NADA é suficiente”. Foi exactamente no tempo indistinto desta afirmação de duplo sentido que nos quedámos. Este tempo indistinto foi também o tempo em que uma abóbora apodrece e tende para o NADA.
Sendo a abóbora o nosso compasso, enviamos nova abóbora para que esta música silenciosa dos pequenos NADAS ou nas entrelinhas não deixe de tocar.
Fazendo votos que a abóbora apodreça mais rápido desta vez, nos despedimos saudosos,
Beijos nossos,
Sara e Marco

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